Poemas e Poesias


Paladar

Sergio de Andrade Sousa 
 

Nessa vida já vi de tudo
O amanhecer, o sol se pôr
Vi também o Sol e a Lua quadrados, sem nunca me abalar
Muitas foram as noites de insonia

pensando como agir durante o dia
pra noite poder dormir tranquilamente o sono dos justos
sem sofrer o remorso da omissão.

A vontade de querer um mundo melhor
e mais justo
me obrigou a superar os medos
impostos pela vida.

Medo de perder o emprego
Medo da família passar fome

Medo de ser considerado louco
Medo de perder a vida
Medo da borrachada da PM
Medo do spray de pimenta
lançado intencionalmente nos olhos
lançado covardemente não apenas pra ferir.


Apenas uma insana tentativa de evitar
que o povo oprimido com seu olhar crítico
continue enxergando
o caminho de um novo horizonte.

A vida também ensinou
Que ao final dela, após enfrentarmos de frente
sempre sem medo e com firmeza revolucionária

todos nossos inimigos de classe

Os medos superados
se transformarão sem dúvida                                                     
em lindas histórias  
escritas, contadas e cantadas com orgulho
pelo trabalhador consciente.

Por fim, a vida também me ensinou                                                        
que o spray de pimenta
lançado constantemente e covardemente sobre nós
em vez de fechar nossos olhos
serviu apenas como tempero para  
adicionar um gostinho melhor as nossas lutas.

 


O analfabeto político

Bertold Brecht
 
O pior analfabeto é o analfabeto político.

Ele não ouve, não fala, nem participa
dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro
que se orgulha e estufa o peito
dizendo que odeia política.

Não sabe o imbecil que da sua
ignorância política nasce a prostituta,
o menor abandonado, o assaltante e o
pior de todos os bandidos, que é o
político vigarista, pilantra, o corrupto e
lacaio das empresas nacionais e 
multinacionais exploradores 
do povo.

 


Poesia, luta e Organização

Scapi 
 
 

 

Quem? Quem? Quem?
São esses seres
Esses estranhos seres...
Quem são ????
 
Reúnem-se
Agrupam-se... em uma espécie de ritual
 
Não, não é de acasalamento,
Apesar que por vezes, até formam casais
São bandos, são hordas....
Serão bárbaros????
 
Vejam como conspiram...
Respiram subversão.
Não falam de outra coisa...
Revolução
Revolução
Revolução.
 
Sozinhos parecem tristes, pensativos,
como se carregassem o peso do mundo
em suas pequenas costas
como se chamassem para si as dores do parto
são portos... onde navios atracam
tão logo se juntam
se modificam
 
Um sorriso, uma risada,
Uma gargalhada geral.
 
Sacaneiam-se  – o tempo todo.
Num rito do qual ninguém quer ficar de fora.
“Sacaneia eu também!!!”
 
Buscam os que vão ficando para trás.
Pacientemente, buscam um a um...
Ali, encontram e trazem...
O último moicano
A última ararinha azul
O penúltimo mico leão, o boto cor de rosa.
 
Bons de prosa... (deus como falam!)
 
São velhos e novos revolucionários
Começando tudo de novo,
(prometem-se: dessa vez será com prazer)
 
São anarquistas,
Comunistas
Cristãos
Numa estranha comunhão
Refazer o pão – compão...companheiro
Compartilhar... trilhar...
SEMPRE MUITO FIRMES
 
FIRME!!! .
 
Quem caralho os dirige???!!!
Vejam como quase ao final
Abraçam-se
Desfazem temporariamente
Seus laços.
 
Como que voltando para seus cantos
Cheios de encantos
Que só o coletivo produz.
Voltam sob juras intensas.
Beijos de paixão.
 
Agora já sei o que passam tanto tempo discutindo:
Estavam reunindo
Descobrindo
O melhor jeito de buscar seus irmãos
Que não vieram
 
Que são muitos
Os afazeres para convencer
E se necessário dar uns tapas nas fuças....
São irmãos de classe.
 
Classe ao centro, o centro da classe.
 FIRME!
Calote e Greve Geral...
Estranhos e maravilhosos seres,
Só podem ser DA ÚNICA:
INTERSINDICAL.

 
Scapi
ITAPEMA, JULHO DE 2012

 


A morte do trabalhador

Jelder Pompeo de Cerqueira 
 

Pra que tamanho apego a vida se tudo que fizeras nessa vida foi morrer¿
Morreste a cada dia, ao levantar em plena madrugada fria
E voltar ao anoitecer

Morreste por passar dia após dia, sem ter hora pra comer
Por aceitar de forma passiva, tudo que lhe mandaram fazer
Por não questionar, calar e se submeter

Morreste por não ter conhecido nada alem do que nas revistas pode ver
Por ter apenas o copo de bebida como a única saída de muito sofrer
Por usar o tempo livre todo na frente da TV

Morreste por não ter tido uma companheira
Por ter se casado apenas por conveniência
Por lhe faltar carinho, afeto e carícias plenas

Morreste por não ter tido um grande amor
Por ter sempre fugido se escondido
Por ter apenas vivido, mas vivido sem amor

 

 


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